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Publicado em 11/01/21
O SURGIMENTO DO PERFUME
A relação do homem com os aromas ao longo de sua história, se tornou cada vez mais sofisticada. Na medida em que as primeiras civilizações se desenvolviam, as práticas de manipulação dos recursos naturais também se aperfeiçoavam, de modo a se ajustarem aos sentidos da percepção.
Os perfumes naquela época tinham um aspecto mais próximo das pomadas do que dos líquidos com que estamos acostumados atualmente. Os primeiros usos de aromas estavam associados a ritos religiosos de diversos povos, que acrescentavam o uso de vegetais cujas propriedades naturais continham essências e fragrâncias especiais.
O perfume nasceu no Egito por volta de 3000 a.C. Os egípcios acreditavam que a fumaça exalada por madeiras, especiarias, ervas e incensos levariam rapidamente seus pedidos e orações aos deuses.
Essa fumaça que saia ao queimar ervas e folhas e madeiras é um dos primeiros cheiros que se tem registro, e está eternizada pela palavra perfume: per (através) e fumum (fumaça).
Os egípcios documentavam o uso de perfumes em seus escritos, pelos membros mais destacados da sociedade. Além disso, os perfumes também eram usados no processo de embalsamamento das múmias, que demandava uma grande quantidade de óleos aromáticos.
Mas foi entre os antigos gregos que a perfumaria recebeu um tratamento sistemático, tanto na prática quanto na teoria. Foram desenvolvidas fragrâncias específicas para cada parte do corpo e outras para o tratamento de diversas doenças. Teofrasto, nascido a 370 a. C. terá sido o primeiro grego a escrever um tratado sobre perfumaria, a partir dos seus vastos conhecimentos em Botânica. É através deste documento que se sabe que os óleos utilizados nesta época eram produzidos a partir de flores e esta é a primeira referência conhecida a óleos florais na história do perfume.
A arte da perfumaria sempre exigiu um grande conhecimento de Botânica e de variadas técnicas de extração de odores. Essas técnicas foram desenvolvidas por vários povos, sendo muito praticadas entre gregos, indianos, árabes, romanos e persas. O interesse pela perfumaria foi potencializado na Europa a partir do processo de interação com outros locais e culturas, inicialmente com Ásia e, depois, com o continente americano, de onde provieram muitos espécimes vegetais e especiarias que foram incorporados aos perfumes.
No século XVII, com o amplo crescimento da população europeia e com o consequente aumento dos centros urbanos, o uso dos perfumes tornou-se notório e intensivo. Isso exigiu uma maior acuidade nos processos de fabricação, fato que culminou no aparecimento das casas especializadas na produção de perfumes. No século XVIII, muitas dessas casas começaram a ficar famosas por conta do desenvolvimento de técnicas ainda mais sofisticadas, que conseguiam notas de fragrâncias mais duradouras que as de costume.
A natureza nos garante os mais variados ingredientes e a tecnologia nos dá os meios para extrair fragrâncias de praticamente todos eles. Bergamota, Baunilha, lavanda e Patchouli são alguns dos ingredientes mais usados para fabricação de perfumes.
São várias as formas que existem de extração das essências nas matérias-primas usadas na criação dos perfumes. Algumas delas são: enfleurage, maceração em carvalho, infusão e headspace.
Enfleurage: É um método de extração que foi desenvolvido na França no século XVIII. Essa técnica consiste na utilização de uma camada de gordura inodora, de origem animal, que é colocada sobre uma placa de vidro. A gordura tem função de absorver as fragrâncias das flores, para isso são utilizados de 30 a 50 gramas de flores, previamente selecionadas, que são espalhadas cuidadosamente sobre essa gordura inodora. Esta operação é repetida de 30 a 40 vezes, usando sempre flores frescas. Uma vez saturada com o perfume das flores, a gordura da placa de vidro é embebida e batida no álcool onde os ingredientes são dissolvidos. Quando o álcool evapora, o produto que permanece é chamado de pomada de absoluto, que contém uma concentração altíssima do óleo essencial.
Maceração: Seu significado remete a uma operação que enche algo de líquido para extrair produtos solúveis que acabem sendo retirados a partir daquela solução. Quanto maior o tempo de maceração do perfume, mais potente será sua solução.
Infusão: Resulta da imersão de alguns ingredientes em água quente.
Headspace: Através da micro-extração em fase sólida, uma agulha retrátil com um polímero na ponta capta as moléculas aromáticas no ar. Entre outros benefícios, a versão mais moderna permite maior flexibilidade na coleta durante as expedições ao redor do mundo, pela delicadeza e leveza do equipamento e fidelidade na análise.
Com o tempo o cheiro do perfume muda, pois suas notas e ingredientes se revelam aos poucos pela evaporação, a este fato damos o nome de pirâmide olfativa.
A pirâmide olfativa é uma ferramenta que ajuda a entender a estrutura da fragrância, ela representa a evolução das características de um perfume durante o tempo de uso. Toda fragrância possui uma pirâmide olfativa, com a relação dos principais ingredientes da composição e sua ordem de evolução olfativa, que descrevemos como notas de Cabeça, Corpo e Fundo.
As notas de Cabeça representam o primeiro impacto do perfume, elas são frescas e evaporam rapidamente. As famílias e facetas que compõe esta dimensão do perfume são os cítricos, aromáticos e aquosos.
As notas de Corpo são mais fortes e tenazes, elas representam a evolução do perfume, correspondem ao seu rastro e personalidade. As famílias e facetas que compõe as notas de corpo são as flores, frutas e os acordes verdes.
As notas de fundo são formadas por matérias-primas de muita tenacidade, elas são pesadas, quentes e determinam a duração da fragrância na pele. As famílias e facetas que compõe as notas de fundo são as madeiras, os orientais, chipre, fougère, gourmand e couro.
As família olfativas são combinações de ingredientes que determinam e classificam os perfumes. As principais são: floral, cítrico, amadeirado, Chipre, oriental, fougere, frutais e herbais.
Floral: É uma das famílias mais ricas da perfumaria e autoexplicativa. Suas essências são feitas a partir do óleo extraído de flores como rosas, jasmins, lírios, magnólias e violetas.
Cítrico: Essas fragrâncias são conhecidas por agradar tanto homens quanto mulheres. Suas essências vêm de itens mais “ácidos”, como limão e bergamota.
Amadeirado: Suas essências vêm de madeiras como sândalo, cedro e patchuli.
Chipre: Família que une o aroma cítrico ao de musgo ou amadeirado. Essências dessa classificação também combinam com florais e frutais.
Oriental: Antigamente chamados "de âmbar", distinguem-se por sua mistura de calor e sensualidade. Eles extraem sua riqueza de matérias como os almíscares, a baunilha e as madeiras preciosas e são geralmente acompanhados por flores exóticas e especiarias.
Fougère: É um termo de origem francesa para uma planta que quase não tem cheiro, a samambaia. Porém, o nome dessa família olfativa não tem muita ligação com essa planta. Tratava-se basicamente de um sintético da cumarina, extrato da semente do cumaru, também conhecida como fava tonka que cheira a uma mistura de palha e amêndoa, com a lavanda, notas de musgo de carvalho e essências amadeiradas como o vertiver e o patchouli.
Frutais: Composta de aromas vindos das frutas. As mais comuns são maçã, cereja, frutas vermelhas, pêssego e laranja.
Herbais: Família dos aromáticos refrescantes, ela é marcada por notas frescas de ervas e de chás, como lavanda, menta, manjericão e folhas verdes.