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Revolução no tratamento da malária

blank Publicado em 09/09/21

O laboratório francês Sanofi anunciou abril que está pronto para produzir em escala industrial o tipo de droga mais eficaz no tratamento da malária, um flagelo social em países tropicais. A doença mata 650 mil pessoas por ano, a maioria crianças em países pobres. O medicamento foi desenvolvido em parceria com a Amyris, uma empresa de biotecnologia americana, com sede em Emeryville, na Califórnia. A pesquisa — uma odisseia — durou dez anos. O projeto foi bancado pela Fundação Bill e Melinda Gates, criada pelo fundador da Microsoft.

A Sanofi pretende produzir este ano, em uma fábrica na Itália, 60 milhões de doses da artemisinina, uma substância essencial no combate à malária. Esse volume corresponde a um terço da demanda mundial. A droga atua de maneira rápida no organismo e é indicada como referência para o tratamento da doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O problema: até agora, sua extração era precária, feita a partir de uma planta. Assim, a produção, limitada, também estava sujeita à sazonalidade.

O pulo do gato da Amyris foi alterar geneticamente o DNA de uma levedura, que se tornou capaz de processar a artemisinina com eficácia inédita. Ganhos extraordinários de produtividade foram obtidos recentemente em laboratório e anunciados pela empresa na quinta-feira (11/4). O rendimento na produção foi multiplicado por 15. Isso numa só tacada. Pra completar, o novo processo de síntese da matéria prima pode ocorrer durante todo o ano e demora cerca de três meses. Tal prazo representa um quinto do tempo consumido pelo método convencional, à base de plantas. Agora, espera-se que a atuação da dupla Sanofi-Amyris estabilize a oferta da droga no mercado mundial.

O preço do produto também deve cair. A artemisinina será produzida pela Sanofi em um sistema “sem lucro, sem prejuízo”. Hoje, a cotação da substância oscila entre US$ 350 e US$ 1,2 mil por quilo. Inicialmente, o laboratório francês pretende vender a droga pelo valor mais baixo praticado no mercado. Caso reduzisse ainda mais o preço, poderia quebrar os pequenos produtores que atuam nesse segmento.

Embora o desenvolvimento da droga esteja embalado em um megaprojeto social, sem fins lucrativos, a Sanofi e a Amyris tendem a se beneficiar com a produção. Ambas ganham em prestígio — dentro e fora da indústria farmacêutica. Isso sem contar com a valorização das ações. Os papéis da Amyris subiram nos Estados Unidos. Passaram de US$ 2,87 para US$ 3,17 no instante de maior pico. Em12/04 estavam cotados a US$ 2,92. Em maio, eram comercializados a US$ 1,69. Os da Sanofi avançaram de US$ 48,99 em meados de março para US$ 52,50, na tarde de ontem. Faz sentido. Como dizem os executivos da Amyris, este é um dos primeiros projetos de grande porte da biologia sintética no planeta, com potencial impacto no mundo real.

fonte: https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2013/04/sanofi-e-amyris-anunciam-uma-revolucao-no-tratamento-da-malaria.html

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